Apresentando crescimento acima da média nacional, o Ceará tem a maior parcela de sua economia concentrada na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), onde novos saltos do Produto Interno Bruto (PIB) são esperados a partir dos investimentos previstos para o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), instalado nos municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante.
Todavia, embora os maiores avanços na economia estadual, para os próximos anos, sejam esperados nessa região, o interior cearense também tem crescido de forma significativa, impulsionado pelo aumento da renda da população, a maior qualificação da mão de obra e criação de novas empresas.
Profissionalização
Conforme o coordenador de Contas Regionais do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), Nicolino Trompieri, um dos principais fatores para a descentralização da economia cearense é a implantação de escolas profissionalizantes em cidades de todas as regiões do Estado.
Conforme explica, a formação de mão de obra mais qualificada em localidades hoje pouco representativas atrai novas empresas, que incrementam o processo de geração de empregos e renda. “E a criação de novos campi das universidades também tem contribuído para isso”, acrescenta o especialista.
O coordenador do Ipece destaca ainda que a estratégia de conceder incentivos fiscais a empresas que poderiam gerar postos de trabalho não é, por si só, suficiente para atrair esses empreendimentos, uma vez que a infraestrutura deficiente, principalmente em áreas menos desenvolvidas, inviabilizaria a instalação de mais empresas de porte no Interior do Estado.
Segundo Trompieri, os efeitos dos investimentos voltados à descentralização só deverão se tornar mais evidentes nos próximos anos, uma vez que grande parte da mão de obra ainda na etapa de formação e muitas das melhorias que deverão possibilitar esse avanço são relativamente recentes. “Hoje, ainda é difícil perceber essa dinâmica. Isso deve se dar no médio e longo prazos”, avalia.
Maiores expansões
O coordenador do Ipece aponta, como as principais expansões que Estado, o desenvolvimento de áreas como Cariri e Sobral, por conta do desempenho positivo da indústria, e o Litoral Leste, alimentado sobretudo pelo turismo. Já entre as áreas que carecem de mais investimentos, cita o Sertão Central, onde a infraestrutura deficiente e os efeitos da estiagem são mais evidentes.
De acordo com um levantamento da consultoria IPC Marketing, as três cidades da RMF que concentram maior potencial de consumo previsto para 2014 (Fortaleza, Caucaia e Maracanaú) respondem, juntas, por 49,9% dos gastos da população cearense. Já Juazeiro do Norte, que ocupa a terceira posição no ranking dos 184 municípios, concentra 3,3% do potencial de consumo do Estado, enquanto Sobral reúne 2,3% do total.
João Moura
Repórter
OPINIÃO DO ESPECIALISTA
Participação deve crescer neste ano
A participação das regiões interioranas na economia cearense deverá crescer em virtude do maior dinamismo do setor de comércio e serviço, em especial nas macrorregiões do Cariri, Jaguaribe e o Litoral Oeste. No acumulado do ano de 2013, o Produto Interno Bruto (PIB) fechou o período com crescimento de 3,5% em relação a 2012. As informações divulgadas pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE) mostram expectativa de crescimento anual de 4,5% para o PIB do Ceará em 2014.
Os investimentos em setores estratégicos tendem a mudar o perfil produtivo nas macrorregiões do interior do Estado. Na indústria de transformação, o empreendimento da Companhia Siderúrgica do Pecém tem a capacidade de gerar aproximadamente 4 mil postos de trabalho diretos e mais 12 mil indiretos.
Na agricultura irrigada, na Chapada do Apodi, destaca-se a produção de melão nos municípios do polo de irrigação do Baixo Jaguaribe, com a sexta posição na pauta de exportação cearense em 2013 (valor das exportações em US$ 88,7 milhões).